segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Parque da Catacumba


Construído onde ficava uma favela, o Parque da Catacumba é resultado da execução de dois projetos notáveis: na parte baixa, até a meia encosta do morro, uma sólida obra de arquitetura, ajardinamento e paisagismo criou no local um espaço suntuoso e agradável, formado por alamedas, praças e jardins, com muitas árvores, e uma exposição ao ar livre de esculturas de artistas famosos.

Em um outro momento, da meia encosta ao alto do morro, foi feito o reflorestamento, com a predominância de espécies encontradas na mata atlântica. Em consequência, surgiu a fauna local, formada em sua maior parte por pássaros e sagüís, como o que aparece na foto ao lado. Uma trilha leva ao ponto mais alto do morro, onde um mirante permite apreciar uma das mais belas vistas da Lagoa Rodrigo de Freitas.

Poucos dos frequentadores do parque residem nas suas proximidades. A maioria vem de longe, incluindo turistas do Brasil e do exterior. Isto faz com que sua importância transcenda os limites dos bairros que o cercam, tornando-o um local de grande valor para toda a cidade do Rio de Janeiro. Vamos divulgá-lo, mas neste primeiro momento, lançamos um apelo para a união de todos em sua defesa.


Você ainda pode socorrer o parque:

entre agosto e setembro de 2008 morreram todos os sagüís do Parque da Catacumba. Restam as fotos...

Link para o Abaixo-Assinado

O Abaixo-Assinado é on-line e apresenta apenas o número de assinatuas virtuais.





"O assunto é de interesse de todos os montanhistas e amantes da natureza, mesmo os que não freqüentam aquele parque, pois esse projeto abre um precedente perigoso."

Irene Schmidt - montanhista e frequentadora do Parque da Catacumba. (26.11.2008)



Em final de julho de 2008 me surpreendi com a construção de uma palhoça na entrada do Parque da Catacumba, quando me dirigia à trilha que subo habitualmente. Um caminhão estacionado sobre o gramado e algumas toras de eucalipto empilhadas eram também motivo de estranheza. Estranheza que aumentava pela ausência dos guardas já conhecidos, para dar informações, e de uma placa, cuja existência as posturas municipais obrigam, para informar sobre a responsabilidade pela obra e, se possível, sobre a sua finalidade.

Naquele dia fotografei a obra. Nos dias seguintes fiz perguntas ao novo administrador do parque e pesquisei na internet sobre arborismo no Parque da Catacumba. Encontrei a explicação em uma página escondida no fundo do site da Riotur. O projeto previa a instalação de equipamentos para a prática de arborismo, tirolesa, rapel e escaladas. Ficaria pronto em novembro e seria explorado por uma empresa particular pelo prazo de cinco anos (!). Segundo o novo administrador, seria a mesma empresa que já explora essa atividade em Foz do Iguaçú (!!).

Em 04 de agosto formalizei denúncia junto ao Ministério Público Estadual pedindo o embargo do empreendimento. A meu ver, a primeira agressão era contra a integridade visual do parque pela simples construção da palhoça, que ficaria muito bem em uma beira de praia do fundo de nossa Baia da Guanabara. Nunca em um parque solidamente construído, pronto e terminado, dentro dos melhores padrões de paisagismo e arquitetura de nossa cidade. Ocorreu que a denúncia era individual, em um órgão de tutela coletiva. Faltaram as assinaturas que fui incapaz de colher.

A obra correu solta, sem qualquer tropeço com o IPHAN, o IBAMA, a FEEMA, e outros orgãos que deveriam ter dado um basta aos primeiros sinais das irregularidades que a cercavam pelos quatro lados: a placa, a licitação, o desrespeito ao patrimônio público, artístico e cultural, a agressão ao meio ambiente, a cota 100, dentre outras. Até que os moradores da Fonte da Saudade - no lado oposto ao da entrada do parque - perceberam os pilares da plataforma para rapel sendo construídos sobre seus apartamentos. Desde então vimos somando esforços contra o absurdo empreendimento.

Voltando ao parque após uma ausência de dois meses, soube da morte da população inteira de sagüís que habitava a floresta. Pequenos bichos com os quais conviví cerca de dez anos em visitas que fazia à morada deles. Que coincidência isto acontecer justo agora...

Jayme Derenusson - autor do site e frequentador do Parque da Catacumba. (26.11.2008)

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